quarta-feira, 31 de outubro de 2018




Mulher negra e a exploração no mercado de trabalho.

            O Brasil, de acordo com a Organização para Cooperação do Desenvolvimento Humano - OECD, ficou em 1° lugar no ranking de países com os maiores índices de desigualdade salarial. Tal desigualdade torna-se ainda mais evidente quando da realidade das mulheres negras, que chegam a ganhar de 60% a 80% menos que um homem branco.
            Já se sabe que as negras sempre foram exploradas e sempre exerceram postos de trabalho precarizados, desvalorizados, subjugados e estigmatizados. Atualmente ainda são as mais atingidas pela desigualdade de raça e gênero no mercado de trabalho. Diz-se, com isso, que as escravizadas de ontem são as periféricas e ocupantes dos cargos de trabalhos mais explorados de hoje.
            Além disso, o nível de desemprego é maior entre as mulheres negras, chegando a 12%, enquanto para homens brancos o índice é de 5,3%. Porém, quando da situação de emprego, normalmente passam a exercem os piores cargos, ainda que qualificadas. Nesse sentido, de acordo com a SEAC-RJ, 90% dos trabalhadores de limpeza são mulheres e 62% são negros.
          Ainda quanto ao ambiente do trabalho, é válido pontuar a questão do , moral e sexual no trabalho, caracterizado pela exposição das trabalhadoras a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas. Embora os homens também possam ser vítimas do assédio, estatísticas do Ministério do Trabalho e Emprego – MTE revelam que 73% do assédio moral é sofrido por mulheres, na sua maioria negras – muitas vezes vítimas do assédio sexual pela forma como o capital objetifica e hipersexualiza seu corpo.
            Como defende Angela Davis, “ser mulher negra no Brasil já é em si resistência. E já traz, por si, mesmo que não de maneira organizada, um sentimento capitalista”. Deste modo e diante os índices apresentados, cumpre concluir que as mulheres negras são as que mais sofrem com as desigualdades por questão raça e de gênero, estando em pior situação em relação à renda, segurança, trabalho, educação, entre outros direitos fundamentais e sociais mais. Isto porque, para sustentar esse sistema, foi preciso um alicerce ideológico que legitimasse a inferiorização de um povo, que se configura em amarras vestidas com uma nova roupagem no sistema capitalista. O racismo está enraizado na formação do país em todas as suas esferas e, às mulheres, a essas mulheres restou somente a hipersexualização ou a desvalorização do seu papel.
            A fim de mudar o referido cenário, enfatiza-se  luta para reduzir os danos sociais que afetam toda sociedade, fundamentada na conscientização e na mudança de comportamento das massas oprimidas. O conhecimento de tais prejuízos trazidos por um sistema ultrapassado por seus próprios meios exploratórios, não pode continuar a vitimar a população periférica. Temos a certeza de nosso dever histórico em romper com tal realidade, construindo uma nova sociedade mais emancipada e igualitária. Para isso, devemos nos organizar e direcionar nossa luta na percepção da origem de tais tais confrontos dentro da civilização, onde deve-se ressaltar a importância de se caracterizar e identificar como excluído, como prejudicada e como população que precisa ser ouvida e também atendida. A percepção do problema é de máxima urgência, afinal, não se pode mais aceitar, se conformar ou tolerar tamanha desigualdade social.
          Para isso, denunciamos toda e qualquer violência e omissão estatal e corporativa que perpetre violências de raça, gênero, classe e sexualidade; combatendo estereótipos, negligências, submissões, subjugações e explorações, isto porque reconhecemos que os sistemas de exploração e opressão – machismo e racismo – fazem as trabalhadoras negras e indígenas, serem ainda mais espoliadas e violentadas, com tendência a um aumento paulatino do acirramento da barbárie contra esses grupos dentro do capitalismo, especialmente dentro dos espaços de disputa do trabalho.
          Nesta oportunidade saudamos as seguintes mulheres negras que, por seus ofícios e sua militância, marcaram a história para além do mundo do trabalho, alcançando avanços de emancipação humana: Carolina Maria de Jesus, escritora e poetisa; Benedita da Silva, assistente social; Lélia Gonzalez, professora; Luiza Mahin, quituteira; Maria Clara Araujo, pedagoga; e, Marielle Franco, socióloga e vereadora, PRESENTE!

Nenhum comentário:

Postar um comentário