segunda-feira, 1 de agosto de 2016

A HISTÓRIA DO FEMINISMO: DE ONDE VIEMOS E PARA ONDE VAMOS?



Somos mulheres!
Fomos bebês de berço rosa, criamos nossas bonecas, não brincamos de carrinho. Depois “aprendemos sentar”, limpamos, cozinhamos, lavamos e passamos. Acatamos orientações sobre o tamanho da nossa roupa, ouvimos elogios com as palavras mais grotescas, ganhamos menos pelo mesmo trabalho, somos silenciadas, estupradas e culpabilizadas.
Somos mulheres e lutamos para que isso não nos taxe, no entanto, por essa mesma luta somos taxadas de histéricas, cheias de “mimimi”, feias, assanhadas, aborteiras, mal comidas. Possuímos a arte de questionar, questionar a falta de escolha, escolher não ter filho, escolher a roupa, quem tocará no nosso corpo, escolher se sentir bem com nosso peso, nossa raça e nossas origens.
Somos mulheres e somos feministas.
Mas o que isso significa? Qual o contexto histórico, social e político de surgimento desse movimento e como se estrutura atualmente?
O movimento feminista é academicamente divido em três grandes ondas, este termo é utilizado em analogia às ondas do mar que estão em constante movimento, em certo momento atingem seu ápice e logo voltam à calmaria, no caso do feminismo, isso acontece quando as mulheres logram obter parte dos direitos reivindicados.
Entre os séculos XIX e XX, mulheres lutaram pelo direito ao voto. Conhecidas como sufragistas, as fileiras dessa primeira onda foram engrossadas basilarmente por mulheres burguesas, que além de reivindicarem o direito ao voto, também lutavam pela inserção no mercado de trabalho. Todavia, não levando muito em conta as pautas das mulheres trabalhadoras que já estavam no mercado de trabalho há muito tempo!
Durante as décadas de 60 e 70, emergiu a segunda onda feminista. As bandeiras sobre liberdade sexual estavam em alta e por isso surgem os primeiros questionamentos sobre as relações existentes entre homens e mulheres, culminando nos questionamentos sobre a hierarquia de poder entre os gêneros. No Brasil, pelo contexto histórico da Ditadura Civil Militar, envolvidas com as lutas políticas de combate à ditadura, as mulheres puderam perceber o quanto os papéis opressivos destinados às mulheres, pouco se alteravam mesmo com os companheiros ditos revolucionários. Nesse período muitas delas foram exiladas, o que permitiu o contato com o feminismo europeu, quando retornam do exílio, essas mulheres articulam a luta pelo término da ditadura com a luta feminista, percebendo que o fim do regime civil militar pressupunha a construção de uma nova sociedade, onde o machismo também deveria ser combatido.
A terceira onda, com maior articulação no meio acadêmico, faz surgir as primeiras referências ao termo “gênero”, hoje tão discutido e norteador do discurso e das práticas feministas. Também é nela que se acentuam as políticas públicas relacionadas a mulher. A expressão feminina se torna maior e passa a adentrar espaços diversos, onde antes a voz da mulher não era escutada ou até mesmo permitida.
Ainda que o movimento feminista tenha passado por tantas fases e tenha levantado tantas bandeiras, não podemos dizer que hoje ele tornou-se estático, pelo contrário, existem feministas vinculadas à vertente classista, que vem repensando espaços femininos muitas vezes ignorados pelas próprias mulheres. Não existe feminismo real sem a mulher negra, a mulher lésbica, a mulher trans, a mulher deficiente. Não existe feminismo real se todas as necessidades femininas não forem escutadas e pautadas em bandeiras de reivindicações e lutas. A luta feminista é essencialmente revolucionária. Mais que buscar um espaço de igualdade entre mulheres, ela busca a plena igualdade entre todos os indivíduos. Acreditamos que quando formos respeitados e aceitos em nossas diferenças, alcançaremos a plena emancipação humana e a exploração e opressão findarão. Essa é a sociedade que buscamos.
Mulheres de todo o mundo, uní-vos.

Coletivo Feminista Classista de São José do Rio Preto.