terça-feira, 31 de maio de 2016

NOTA DE REPUDIO AO ESTUPRO SOFRIDO POR JOVEM NO RIO DE JANEIRO E À TODA FORMA DE VIOLÊNCIA À MULHER



NOTA DE REPUDIO AO ESTUPRO SOFRIDO POR JOVEM NO RIO DE JANEIRO E À TODA FORMA DE VIOLÊNCIA À MULHER



Dia 25 de maio uma adolescente de 16 anos foi estuprada por mais de 30 homens e meninos, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Não bastasse ter seu corpo violentado, alguns dos estupradores publicaram vídeos e fotos do crime na internet. Todos os dias, em todos lugares do mundo e em vários períodos históricos da humanidade, mulheres foram estupradas e violentadas sistematicamente. O Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro vem a público por meio dessa nota repudiar esse ato, assim todos os golpes que cotidianamente são desferidos contra nós, mulheres trabalhadoras. O sistema capitalista, ao longo de seu processo de acirramento das relações sociais de classe, desenvolveu e aperfeiçoou técnicas de controle do corpo da classe trabalhadora. Sendo a mulher o sujeito mais oprimido e explorado dessa relação, coube ao corpo dela a total submissão no regime do capital. Ainda em acordo com essa perspectiva dada pelo capital com relação ao corpo feminino, é possível destacar também a ideia de sexualização que se imprimiu sobre ele. A exposição feminina como objeto de fetiche e sexualidade criou um culto à pornografia. Essa cultura, portanto, sexualizada e violenta, que vende mais à anunciantes de televisão e rende muito lucro aos detentores dos meios de produção, tem por principal caraterística sofisticar o processo pelo qual tudo que nos cerca se torna mercadoria, incluindo aí a capacidade humana de trabalhar e produzir, retirando dos corpos, em especial das mulheres, sua autonomia. Segundos estatísticas veiculadas na imprensa essa semana, ocorre um estupro no Brasil a cada 11 minutos. Outro dado importante é que, de acordo com a última pesquisa feita pelo IPEA, datada de 2014 mas tão atual, mais da metade da população acredita que a culpa do estupro é das próprias vítimas que ao usarem roupas curtas estão chamando a atenção e dando aval aos agressores.
A história de luta das mulheres trabalhadoras é extensa, e sem precisar citar nossas percurssoras sabemos que todos os dias Marias, Anas, Joanas, Brunas, Alexandras constroem com seus corpos a resistência que precisamos para que a luta nos leve ao fim, à emancipação da humanidade, e principalmente, a emancipação sobre nossos corpos. Sabemos que, principalmente nesse momento histórico que atravessamos no Brasil, cada vez mais esses mecanismos de controle buscarão nos colocar em casa, no espaço privado, como belas, recatadas e do lar. É perigoso para o Capital mulheres que se rebelam, e nossa beleza está em dizer que não, não vamos nos calar. Devemos ocupar cada espaço público, cada lugar de luta, devemos nos indignar e levantar. Por todas nós, pela classe trabalhadora e por um mundo enfim, livre. 
Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro

DECLARAÇÃO POLÍTICA - ENCONTRO ESTADUAL - SÃO PAULO


O I Encontro Estadual do Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro do Estado de São Paulo aconteceu nos dias 31 de outubro e 1º de novembro de 2015, em São José do Rio Preto, contando com a presença dos Núcleos de Araraquara/São Carlos, Marília, Catanduva, São José do Rio Preto e São Paulo/Santos.
Neste Encontro reafirmou-se o compromisso do Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro com a construção de uma sociedade comunista, para isso, teremos que lutar incansavelmente dentro da ordem capitalista, consolidando nossas bandeiras, ideais e palavras de ordem:
a) Pela Emancipação da Classe Trabalhadora a fim de que esta não arque com a crise capitalista; b) Pela Equiparação salarial entre homens e mulheres, salários iguais para trabalhos iguais; c) Pelo Fim da múltipla jornada de trabalho para as mulheres, com a construção de lavanderias e restaurantes públicos; d) Pela Redução da Jornada de trabalho sem redução de salários, Contra o desemprego, Contra qualquer forma de precarização das relações de trabalho; e) Contra o genocídio do povo negro e periférico; f) Pelo Fim do encarceramento em massa, Contra a privatização dos presídio, Pelo Fim da revista vexatória e Pela Melhoria de condições de vida das presas; g) Por creches e escolas integrais, próximas aos locais de trabalho e estudo, em todos os períodos, que sejam públicas, estatais, laicas, gratuitas e de qualidade; h) Pelo fim da violência contra a mulher; i) Pela descriminalização e legalização do aborto garantindo o atendimento na rede pública de saúde; j) Pelo fortalecimento de Centros de Atendimento Psico-Social, Atendimento a Mulher e Contra todo tipo de Privatização da Saúde; k) Contra todo e qualquer tipo de perseguição aos povos indígenas, ribeirinhos, quilombolas e caiçaras; l) Contra a LGBTfobia e todo tipo de discriminação; m) Contra qualquer retirada de direitos e por nenhum Direito a menos.
Somos feministas e trabalhadoras, por isso acreditamos e defendemos que a luta feminista não é uma luta secundária ou apartada da luta de classes. Nesse sentido, o Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro ratifica sua linha estratégica com o feminismo classista, ao entender que as relações sociais - de classe, gênero, raça, etnia - estão historicamente interligadas. Estamos lado a lado com todos e todas aqueles que lutam contra o Capital, contra o Estado Burguês e Contra o Machismo e o Racismo.
Continuamos afirmando, com base no que as experiências históricas nos revelam, que sem feminismo não há socialismo. Que a nossa luta continue!



Coordenação Estadual do Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro - Estado de São Paulo.