sexta-feira, 26 de outubro de 2018




Dia Internacional contra a Exploração da Mulher – Lutamos e Resistimos!

Dia 25 de outubro: Dia Internacional contra Exploração da Mulher. A exploração e opressão conformadas sob as estruturas patriarcais reproduzem historicamente formas de dominação que ceifam a vida de mulheres, que alijam suas condições de trabalho e que as aprisionam ao espaço doméstico. Lembremos que o movimento feminista ao longo de sua história foi responsável por conquistas fundamentais, contudo, vemos que ainda hoje as desigualdades de gênero são perpetuadas em nossa sociedade por meio de diversas instâncias.  
Dados sobre a realidade brasileira expressam os diferentes condicionantes através do qual as mulheres estão submetidas cotidianamente. O Brasil ocupa a 5° posição em taxa de homicídio de mulheres entre um grupo de 83 países (Mapa da Violência 2015); em geral, as mulheres recebem 79% comparado à remuneração média dos homens; as mulheres negras, por sua vez, recebem 39% em relação aos rendimentos dos homens brancos (Cienc. Cult. vol.58 n.4, São Paulo Oct./Dec. 2006); e, as mulheres são responsáveis por 73% mais de horas dedicadas as tarefas domésticas do que os homens. (https://oglobo.globo.com/sociedade/mulheres-dedicam-73-mais-tempo-do-que-homens-afazeres-domesticos-22462181).   
Estes dados tornam-se ainda mais agravantes quando nos deparamos à atual conjuntura brasileira.  Declarações homofóbicas, racistas e machistas ganharam lugar comum no Brasil e isto não é produto do acaso. Nos últimos anos enfrentamos ações institucionais e movimentos que atacavam e atacam diretamente pautas feministas com o claro objetivo de deslegitimar a luta das mulheres e de retirar direitos conquistados ao longo de séculos de mobilizações e enfretamentos. Desde projetos como o do Estatuto Nascituro e o Estatuto da Família, até a Marcha com Deus pela Liberdade, o Movimento pela Vida e as hostilizações acerca da suposta “Ideologia de Gênero”, anunciavam os retrocessos que hoje se materializam na figura de Jair Bolsonaro. O conservadorismo apregoado por setores religiosos e em nome da “família, moral e bons costumes” ganha aspectos fascistas ameaçando qualquer garantia de liberdade democrática. O discurso de ódio e a “guerra cultural” emprenhada contra os grupos mais oprimidos e difundidos por tal candidatura demonstram que o combate a dominação patriarcal não se dará sem a reação daqueles que tem seu lugar de poder posto em xeque, e que estes já começaram a lançar de mecanismos de violência para garantir seus privilégios. 
Em períodos de crise econômica e política, além de avanço do conservadorismo, também são iminentes políticas de austeridade que atingem com mais força as mulheres trabalhadoras. O capital que extrai valor, educa e desagrega a organização da classe trabalhadora, sempre utilizou dos grupos minoritários e das mulheres como subcategorias para justificar a exploração ainda mais degradante dessa população. Assim, a Reforma Trabalhista aprovada cairá principalmente nos ombros das mulheres, que já recebem os menores salários, ocupam postos de trabalhos considerados inferiores, sofrem assédio moral diariamente em seus trabalhos, além de enfrentar uma tripla jornada uma vez que é responsabilizada pelo serviço doméstico e de cuidado à família. Cortes de gastos públicos, que incluem serviços de socialização dos cuidados como creches e hospitais, aumentará a carga do trabalho doméstico das mulheres.
Nesse contexto, as mulheres, já acometidas pela estrutura patriarcal e machista, serão cada vez mais jogadas à margem da sociedade. Neste dia, portanto, não apenas rememoramos esta data, mas reafirmamos que a luta pelo fim da opressão e exploração da mulher continua mais necessária do que nunca nos dias atuais. Apontamos, deste modo, para um horizonte que deve ser almejado por nós feministas classistas: a organização das lutas das mulheres trabalhadoras e o fortalecimento de um feminismo que abarque a luta e a vida das mulheres trabalhadoras, que se proponha a revolucionar a vida de toda nossa classe, como nós designamos, um feminismo classista.


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