Dia
Internacional contra a Exploração da Mulher – Lutamos e Resistimos!
Dia
25 de outubro: Dia Internacional contra Exploração da Mulher. A exploração e
opressão conformadas sob as estruturas patriarcais reproduzem historicamente
formas de dominação que ceifam a vida de mulheres, que alijam suas condições de
trabalho e que as aprisionam ao espaço doméstico. Lembremos que o movimento
feminista ao longo de sua história foi responsável por conquistas fundamentais,
contudo, vemos que ainda hoje as desigualdades de gênero são perpetuadas em
nossa sociedade por meio de diversas instâncias.
Dados
sobre a realidade brasileira expressam os diferentes condicionantes através do
qual as mulheres estão submetidas cotidianamente. O Brasil ocupa a 5° posição
em taxa de homicídio de mulheres entre um grupo de 83 países (Mapa da Violência
2015); em geral, as mulheres recebem 79% comparado à remuneração média dos
homens; as mulheres negras, por sua vez, recebem 39% em relação aos rendimentos
dos homens brancos (Cienc. Cult. vol.58 n.4, São
Paulo Oct./Dec. 2006); e, as mulheres são responsáveis por 73% mais
de horas dedicadas as tarefas domésticas do que os homens. (https://oglobo.globo.com/sociedade/mulheres-dedicam-73-mais-tempo-do-que-homens-afazeres-domesticos-22462181).
Estes
dados tornam-se ainda mais agravantes quando nos deparamos à atual conjuntura
brasileira. Declarações homofóbicas,
racistas e machistas ganharam lugar comum no Brasil e isto não é produto do
acaso. Nos últimos anos enfrentamos ações institucionais e movimentos que atacavam
e atacam diretamente pautas feministas com o claro objetivo de deslegitimar a
luta das mulheres e de retirar direitos conquistados ao longo de séculos de mobilizações
e enfretamentos. Desde projetos como o do Estatuto Nascituro e o Estatuto da
Família, até a Marcha com Deus pela Liberdade, o Movimento pela Vida e as
hostilizações acerca da suposta “Ideologia de Gênero”, anunciavam os
retrocessos que hoje se materializam na figura de Jair Bolsonaro. O
conservadorismo apregoado por setores religiosos e em nome da “família, moral e
bons costumes” ganha aspectos fascistas ameaçando qualquer garantia de liberdade
democrática. O discurso de ódio e a “guerra cultural” emprenhada contra os
grupos mais oprimidos e difundidos por tal candidatura demonstram que o combate
a dominação patriarcal não se dará sem a reação daqueles que tem seu lugar de
poder posto em xeque, e que estes já começaram a lançar de mecanismos de
violência para garantir seus privilégios.
Em
períodos de crise econômica e política, além de avanço do conservadorismo,
também são iminentes políticas de austeridade que atingem com mais força as
mulheres trabalhadoras. O capital que extrai valor, educa e desagrega a
organização da classe trabalhadora, sempre utilizou dos grupos minoritários e
das mulheres como subcategorias para justificar a exploração ainda mais
degradante dessa população. Assim, a Reforma Trabalhista aprovada cairá
principalmente nos ombros das mulheres, que já recebem os menores salários,
ocupam postos de trabalhos considerados inferiores, sofrem assédio moral
diariamente em seus trabalhos, além de enfrentar uma tripla jornada uma vez que
é responsabilizada pelo serviço doméstico e de cuidado à família. Cortes de
gastos públicos, que incluem serviços de socialização dos cuidados como creches
e hospitais, aumentará a carga do trabalho doméstico das mulheres.
Nesse contexto, as mulheres, já acometidas pela
estrutura patriarcal e machista, serão cada vez mais jogadas à margem da sociedade.
Neste
dia, portanto, não apenas rememoramos esta data, mas reafirmamos que a luta pelo
fim da opressão e exploração da mulher continua mais necessária do que nunca nos
dias atuais. Apontamos, deste modo, para
um horizonte que deve ser almejado por nós feministas classistas: a organização
das lutas das mulheres trabalhadoras e o fortalecimento de um feminismo que
abarque a luta e a vida das mulheres trabalhadoras, que se proponha a
revolucionar a vida de toda nossa classe, como nós designamos, um feminismo
classista.
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