A IMPORTÂNCIA DE SE ORGANIZAR
“Nada de organizações especiais de mulheres
comunistas! A comunista é tão militante do Partido como é o comunista, com as
mesmas obrigações e direitos. Nisto não pode haver nenhuma divergência.
Entretanto não devemos fechar os olhos perante os fatos. O Partido deve contar
com os órgãos – grupos de trabalho, comissões, seções, ou como se decida
denominá-los – cuja tarefa principal consista em despertar as amplas massas
femininas, vinculadas ao Partido, sob a sua influência. Para isto é necessário,
sem dúvida, que desenvolvamos plenamente, um trabalho sistemático entre essas
massas femininas. Devemos educar as mulheres que tenhamos conseguido tirar da
passividade, devemos recrutá-las e armá-las para a luta de classes proletária sob
a direção do Partido Comunista”.
Lênin
A
classe trabalhadora vem sofrendo uma série de ataques no último período de
crise do capital. E dentro da parcela mais atingida por essa crise estamos nós,
mulheres trabalhadoras.
Do
total de desempregados no Brasil em 2016, 51,1% eram mulheres. Além disso,
somos nós quem ocupamos os postos de trabalho mais precarizados, aqueles
análogos ao trabalho doméstico e que envolvem cuidado, limpeza e alimentação: setores
em que a terceirização mais se enraizou e cresceu. A nossa vida é permeada por
uma série de explorações, duplas e triplas jornadas de trabalho. É preciso
construir a nossa libertação do capital e do patriarcado.
Ao
olharmos para a História, identificamos inúmeras organizações de mulheres que
tinham no horizonte o fim da exploração por parte da classe dominante. Tomamos
como exemplo “A União das Costureiras, Chapeleiras e Classes Anexas”, um grupo
de mulheres trabalhadoras organizadas na Cidade de São Paulo e interior que, em
1917, fez uma greve por aumento salarial e melhorias nas condições de trabalho.
Esse e muitos outros os exemplos que atestam que a luta contra nossa
exploração apenas se torna concreta e efetiva quando nos organizamos. Portanto,
a organização das mulheres trabalhadoras é imprescindível para que as mesmas se
formem enquanto classe e estejam prontas para combater nosso inimigo em comum.
Nesta
perspectiva, o partido ou coletivo partidário cumprem papel fundamental no
que diz respeito à organização da classe, se aproximando das demandas que até
então eram individuais e as transformando em lutas coletivas, possibilitando o
despertar orgânico da consciência política. Assim, quando falamos da auto-organização
das mulheres, sabemos que ela deve ser sempre próxima ao movimento revolucionário,
incentivando, sobremaneira, uma potência transformadora “necessária para a construção da mulher como sujeito da revolução e para
construirmos a partir de hoje, com coerência revolucionária, novas relações
sociais, livres de apropriações, opressões e explorações” (CISNE, 2013, p.
312).
Sendo
assim, o Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro, atuante nacionalmente,
tem como objetivo organizar as mulheres trabalhadoras para que finalmente
possamos caminhar rumo ao fim do patriarcado e do capitalismo e pela verdadeira
emancipação das mulheres de nossa classe. Afinal, quando nos organizamos, não
mudamos somente a nossa vida, mas avançamos juntas e juntos rumo a um mundo sem
opressão e exploração.
REFERÊNCIAS:
CISNE, Mirla. Luta de
classes e Consciência Militante Feminista no Brasil. 2013. Rio de Janeiro.
LENIN, V. I. O Socialismo e a Emancipação da Mulher. Editora Vitória.
1956.