terça-feira, 31 de julho de 2018


A IMPORTÂNCIA DE SE ORGANIZAR

“Nada de organizações especiais de mulheres comunistas! A comunista é tão militante do Partido como é o comunista, com as mesmas obrigações e direitos. Nisto não pode haver nenhuma divergência. Entretanto não devemos fechar os olhos perante os fatos. O Partido deve contar com os órgãos – grupos de trabalho, comissões, seções, ou como se decida denominá-los – cuja tarefa principal consista em despertar as amplas massas femininas, vinculadas ao Partido, sob a sua influência. Para isto é necessário, sem dúvida, que desenvolvamos plenamente, um trabalho sistemático entre essas massas femininas. Devemos educar as mulheres que tenhamos conseguido tirar da passividade, devemos recrutá-las e armá-las para a luta de classes proletária sob a direção do Partido Comunista”.
Lênin

            A classe trabalhadora vem sofrendo uma série de ataques no último período de crise do capital. E dentro da parcela mais atingida por essa crise estamos nós, mulheres trabalhadoras.
            Do total de desempregados no Brasil em 2016, 51,1% eram mulheres. Além disso, somos nós quem ocupamos os postos de trabalho mais precarizados, aqueles análogos ao trabalho doméstico e que envolvem cuidado, limpeza e alimentação: setores em que a terceirização mais se enraizou e cresceu. A nossa vida é permeada por uma série de explorações, duplas e triplas jornadas de trabalho. É preciso construir a nossa libertação do capital e do patriarcado.
            Ao olharmos para a História, identificamos inúmeras organizações de mulheres que tinham no horizonte o fim da exploração por parte da classe dominante. Tomamos como exemplo “A União das Costureiras, Chapeleiras e Classes Anexas”, um grupo de mulheres trabalhadoras organizadas na Cidade de São Paulo e interior que, em 1917, fez uma greve por aumento salarial e melhorias nas condições de trabalho. Esse e muitos outros os exemplos que atestam que a luta contra nossa exploração apenas se torna concreta e efetiva quando nos organizamos. Portanto, a organização das mulheres trabalhadoras é imprescindível para que as mesmas se formem enquanto classe e estejam prontas para combater nosso inimigo em comum.
            Nesta perspectiva, o partido ou coletivo partidário cumprem papel fundamental no que diz respeito à organização da classe, se aproximando das demandas que até então eram individuais e as transformando em lutas coletivas, possibilitando o despertar orgânico da consciência política. Assim, quando falamos da auto-organização das mulheres, sabemos que ela deve ser sempre próxima ao movimento revolucionário, incentivando, sobremaneira, uma potência transformadora “necessária para a construção da mulher como sujeito da revolução e para construirmos a partir de hoje, com coerência revolucionária, novas relações sociais, livres de apropriações, opressões e explorações” (CISNE, 2013, p. 312).
            Sendo assim, o Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro, atuante nacionalmente, tem como objetivo organizar as mulheres trabalhadoras para que finalmente possamos caminhar rumo ao fim do patriarcado e do capitalismo e pela verdadeira emancipação das mulheres de nossa classe. Afinal, quando nos organizamos, não mudamos somente a nossa vida, mas avançamos juntas e juntos rumo a um mundo sem opressão e exploração.

REFERÊNCIAS:

CISNE, Mirla. Luta de classes e Consciência Militante Feminista no Brasil. 2013. Rio de Janeiro.
LENIN, V. I. O Socialismo e a Emancipação da Mulher. Editora Vitória. 1956.