quarta-feira, 14 de setembro de 2016


COLETIVO FEMINISTA CLASSISTA ANA MONTENEGRO BRASIL

FORA TEMER: RESISTIR AOS ATAQUES DO CAPITAL, CONSTRUIR A GREVE GERAL E O PODER POPULAR 

    A crise política brasileira está diretamente ligada a crise econômica mundial e a disputa entre setores da burguesia que estão preocupados em como melhor administrar seus efeitos. A burguesia no Brasil, como em todos os locais do planeta, vem tentando manter ao máximo suas taxas de lucros e o Partido dos Trabalhadores (PT), partido da presidente Dilma, já não vinha conseguindo cumprir nem essa tarefa, bem como não conseguia mais manter o apassivamento da classe trabalhadora. Isso impossibilitou a manutenção do pacto de classes que foi estabelecido entre o PT e os partidos de direita desde os governos Lula.

    Com o aguçamento da crise econômica no Brasil, o PT aprofundou as medidas de retirada de diretos trabalhistas, a privatização e precarização dos serviços públicos e as medidas de repressão social a qualquer forma de manifestação contra a ordem. Ao mesmo tempo, promoveu em solo nacional dois grandes eventos internacionais do esporte - a Copa do Mundo e as Olimpíadas - que só serviram para aumentar os ganhos dos monopólios internacional e nacional, à custa da remoção de milhares de famílias de seus locais de moradia e da destinação de recursos estatais para a construção de imensas obras para sediar esses eventos. Tudo isso fez aumentar o número de greves e manifestações dos movimentos sociais, principalmente os movimentos de luta por moradia, fato que, aliado à estagnação econômica, provou à burguesia a necessidade de retomar para si mesmo a direção do governo. 

    A burguesia brasileira, aliada ao capital internacional derrubou o governo Dilma não porque este fosse de esquerda nem mesmo reformista, mas pela demora, por conta de suas contradições, em radicalizar e acelerar ainda mais a chamada política de austeridade exigida pelo capital. 

    A crise também demonstrou o fracasso da política de conciliação de classe que o Partido dos Trabalhadores desenvolveu ao longo dos seus 13 anos de governo. Por mais que esse governo tenha realizado essencialmente a política do capital; por mais que tenha posto no governo os representes dos banqueiros, dos industriais e do agronegócio; por mais que tenha incorporado à sua prática o modus operandi da velha política; por mais que tenha aberto mão da regulação da mídia e das reformas populares; por mais que tenha cooptado, apassivado e desarmado os trabalhadores para a luta política, a classe dominante descartou o PT quando este passou a não servir mais aos seus interesses, provando mais uma vez que as ilusões da conciliação de classe só levam à derrota.

NOVO GOVERNO E MAIS ATAQUES À VIDA DAS TRABALHADORAS E TRABALHADORES. 

    O governo Temer, apesar de frágil e desmoralizado, inicia o governo acelerando ainda mais os ataques à classe trabalhadora, respaldado por uma maioria parlamentar conservadora e pela mídia burguesa hegemônica. Já são perceptíveis as intenções do novo governo, apressado em atender os interesses do capital. Dentre as medidas tomadas que denotam esse fato estão a aprovação de lei que ataca mais severamente os servidores públicos, e da lei que autoriza também as chamadas pedaladas fiscais (motivo pelo qual a presidente Dilma sofreu o Impeachment). Existem ainda, tramitando no Congresso Nacional, projetos de legislações que possibilitarão ainda mais privatizações no setor da saúde pública e uma nova reforma da previdência, que dificultará ainda mais a possibilidade de se aposentar. Mais preocupante ainda é a proposta de um plano para aprofundamento da dívida pública brasileira, mesma manobra que aprofundou a crise na Grécia em 2012-2013 e as políticas de austeridade. 

    Está em curso, desde o governo anterior, a regulamentação e ampliação das terceirizações, forma de contratação extremamente precarizada e que suprime uma série de direitos trabalhistas. Tal projeto tem a proposição da ampliação dessa forma de trabalho para todas as formas de prestação de serviços. Isso atingirá diretamente a vida das mulheres e em especial das mulheres negras, que são a maioria nos postos de trabalhos mais precarizados. As mulheres também são as mais atingidas com a precarização e privatização da saúde em curso, já que essas são sempre as principais responsáveis pelo cuidado da família e dos filhos, bem como são maioria nos trabalhos da saúde.

A SAÍDA É PELA ESQUERDA: CONSTRUIR A GREVE GERAL E O PODER POPULAR! 

    Avaliamos que nesse momento seja essencial organizar a classe trabalhadora para o enfretamento direto ao capital, não através de novas eleições, mas sim organizando a nossa classe nos seus diferentes locais de trabalho e moradia, mobilizando para uma Greve Geral e para um Encontro Nacional da Classe Trabalhadora, a ser realizado em 2017. Sabemos que eleições realizadas nessa conjuntura, ou seja, numa correlação de forças favorável à burguesia, só iriam legitimar um novo governo do capital e gerar mais ilusões nas (os) trabalhadoras(es) sobre o caráter desse estado.

    O nosso “Fora Temer” deve intensificar a luta contra o Estado burguês, exigindo respostas mais avançadas de todas as organizações feministas de esquerda revolucionária. Propomos a formação de Blocos de Lutas capazes de aglutinar a unidade de ação de nossas mulheres. Temos que lutar contra o ajuste fiscal e o pagamento dos juros e amortizações da dívida interna, contra os ataques do capital aos direitos das trabalhadoras e pensionistas, por terra, trabalho e moradia e em defesa do patrimônio público e estatal.

    Para o COLETIVO FEMINISTA CLASSISTA ANA MONTENEGRO um passo importante nesse sentido, seria, por exemplo, estimular, na América Latina e Caribe, a realização de Encontros Nacionais/Regionais, das trabalhadoras do Movimento Feminista e outros Movimentos populares, apontando para um programa mínimo capaz de mobilizar os trabalhadores, particularmente as mulheres e a juventude, nos seus locais de trabalho, moradia e estudo e conduzir um processo que aponte as saídas para a crise no interesse dos trabalhadores, rumo à construção de um Poder Popular e ao Socialismo. 

Ousar Lutar, ousar vencer!