quinta-feira, 10 de novembro de 2016

NOTA DE REPÚDIO AO ASSASSINATO DOS CINCO JOVENS NA ZONA LESTE, SÃO PAULO.


Nesse momento de retrocessos, cortes e ameaças aos nossos direitos, não podemos deixar de nos posicionar acerca da violência do Estado contra os jovens trabalhadores e trabalhadoras.
No último dia 21 de outubro, 5 jovens negros, pobres e moradores da periferia, desapareceram após saírem juntos para uma festa. Tal acontecimento não viralizou nas redes sociais, não apareceu nos noticiários dos principais meios de comunicação, muito menos gerou comoção social. Lembramos que a juventude periférica sofre com a violência de Estado todos os dias e a “opinião pública” já está acostumada a criminalizá-la, como vimos nas ocupações das escolas públicas, e nas manifestações dos estudantes.
Passados quinze dias do seu desaparecimento, no último dia 06 de novembro, foram encontrados cinco corpos em um matagal na cidade de Mogi das Cruzes, São Paulo, já em avançado estado de decomposição. Rapidamente a polícia local constatou, através de análises das roupas, tatuagens e outros pertences que eram César Augusto Gomes Silva, 19 anos, Jonathan Moreira Ferreira e Caique Henrique Machado Silva, ambos de 18, Robson Fernando Donato de Paula, 16, e Jonas Ferreira Januário, 30.
Sabemos que estes rapazes já tinham um histórico policial e sofriam ameaças de perseguição injustificada. Por outro lado, sabemos também que o Estado e a “opinião pública”, tão valorizada atualmente, além de criminalizar a pobreza, criam estigmas  e  rótulos em jovens que já foram presos. Carregando tais  características, os  jovens assassinados já foram julgados, tanto por seus algozes quanto pelos meios de comunicação de massa.
Afirmamos ser imprescindível que aconteçam investigações abertas e indistintas sobre o caso e, se comprovado o envolvimento da Polícia Militar, que a instituição pague por tal crime, e não se culpabilize somente a conduta errada de alguns policiais.
Não podemos nos calar diante do genocídio e do encarceramento em massa dos(as) jovens periféricos(as). Estes jovens têm classe e cor, tornando-se o maior alvo do sistema e das chacinas nunca investigadas.
É válido pontuar que não é de hoje que a Polícia Militar age como grupo de extermínio. Segundo levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, as polícias brasileiras estão entre as que mais matam no mundo. Em 2015, a cada dia, ao menos 9 pessoas foram mortas por policiais no Brasil, gerando ao final do ano um total de 3.345 pessoas assassinadas.
A violência do Estado não para, sendo desvelada através das chacinas, emboscadas e torturas escancaradas. Esta realidade faz com que o Brasil tenha a  4ª maior população carcerária do mundo, com mais de 60% dos presos sendo jovens entre 18 e 29 anos, e negros.
Ressaltamos que o racismo que ocasiona a morte, não faz vítimas apenas do gênero masculino. De acordo com o Mapa da Violência, divulgado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), de 2003 a 2013 a morte de mulheres brancas por violência diminuiu 10%, na medida que a morte de mulheres negras aumentou 54% em todo o País.

Nós, do Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro, repudiamos toda e qualquer forma de violência do Estado para com os jovens, homens e mulheres, periféricos e trabalhadores. E desejamos profunda solidariedade às famílias de todos os jovens assassinados pelo Estado.

Só a luta muda a vida!


Nenhum comentário:

Postar um comentário